Dona Maria: a fé além do que podemos ver

Maria Batistel 3
EmObituários-especial-Capital-da-Notícia Mangueirinha, cidade com pouco mais de 15 mil habitantes no interior do Paraná, nasceu Maria Felomina de Quadros Batistel. No dia cinco de março de 1961, veio ao mundo – com 46 centímetros e apenas 2,1 kg – a mais nova integrante de uma das poucas famílias do município.

Mariazinha, como era chamada por amigos e parentes, frequentou a escola apenas até o 4º ano. Precisou abandonar os estudos para ajudar a sua família na roça, pois não tinham boas condições financeiras.

Maria era uma menina de estatura baixa em relação as outras de sua idade. Aos 12 anos não passava de 1,20 m de altura.  Tinha cabelos pretos e longos, que amarrava forte para não atrapalhar o trabalho na roça. O único lazer era frequentar as missas aos domingos, dia em que poderia se arrumar colocando a sua melhor roupa: um singelo vestido de cetim na cor azul claro.

Vindo de uma família católica, passou por todas as etapas da igreja, o batismo, a 1ª eucaristia, a crisma, e assim a religião passou a fazer parte de sua vida. Mariazinha buscava levar a vida dentro dos princípios do catolicismo. Era admirada por se doar ao próximo. Na comunidade, ajudava os que necessitavam com roupas, comidas (mesmo não tendo muito) e gestos de carinho.

Mariazinha buscava levar a vida dentro dos princípios do catolicismo, era admirada por se doar ao próximo. Na comunidade ajudava os que necessitavam, com roupas, comidas (mesmo não tendo muito), e gestos de carinho.

Em 1977, conheceu Osvaldir Batistel, com quem se casou dois anos depois. Decidiram começar uma nova vida na capital paranaense. Ao contrário da cidade natal, a população de Curitiba era maior, chegando a quase 620 mil habitantes. Na cidade grande, a família cresceu. Tiveram três filhos: Jefferson, Juliana e Alex.

Mesmo com filhos pequenos, trabalhou durante quase dez anos como empregada doméstica. Buscando outras formas de aumentar a renda, Maria e Osvaldir abriram seu próprio negócio, uma panificadora e confeitaria. E como foi ensinada desde pequena, começou a fazer seus próprios pães e bolos, tornando-se assim uma profissional no ramo.

Porém, mesmo sendo proprietária, a vida não foi fácil. Tinha a responsabilidade de acordar todos os dias às 4 horas da manhã, para deixar os pães assando e os bolos fresquinhos. Atendia os clientes a partir das 7 horas. Era exaustivo.

Assim foi durante 18 anos, acordando cedo para deixar tudo pronto para venda e permanecer o dia atendendo. Além de se desdobrar, junto com o marido, para dar conta da criação de seus filhos.

Após anos trabalhando sem cessar, Maria tornou-se apenas dona de casa. Já não precisava mais se preocupar com horários, com clientes e tantas outras coisas do mundo dos negócios. Finalmente chegou o momento de aproveitar, descansar, passear, fazer suas orações e viver os momentos em família.

Mas, infelizmente, o descanso durou pouco. Aos 53 anos, Maria descobriu um câncer que atingia seu pulmão, sendo necessário começar o tratamento de radioterapia. Mesmo passando por uma situação delicada, não perdia a fé. Em uma manhã fria e nublada, estava em sua cozinha ouvindo seu programa de rádio favorito, Momento de Fé (apresentado pelo Padre Marcelo Rossi), quando sentiu que o padre estava “falando” com ela, proclamando a cura de seu câncer no pulmão.

Após finalizar as sessões de tratamento, Mariazinha pegou o resultado novamente dos exames, constatando que a doença havia sido curada. Sua gratidão era visível: “Deus está comigo, e eu sei que a minha cura está conquistada. Não podemos desanimar, pois a nossa vida é apenas uma passagem, e a morte não é o fim”, disse à filha Juliana.

Sempre em oração pela família e amigos, a pequena mulher que não passou dos seus 1,50 metros de altura não perdia sua fé. Só que o inesperado bateu novamente a sua porta. Em pouco tempo foi diagnosticada com um tumor no cérebro, onde buscou a cura por longos três meses, porém desta vez sem resposta positiva aos tratamentos. Na madrugada do dia 31 de julho de 2014 às 5 horas, Maria veio a falecer.

Por Pamella Garcia

 

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